Treze das 19 obras da 4ª edição do projeto Parintins Galeria Cidade Aberta já estão concluídas e transformam os muros da Ilha Tupinambarana em verdadeiras galerias a céu aberto. A ação, promovida pelo Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa, será uma das atrações visuais para os visitantes do 58º Festival de Parintins, que acontece nos dias 27, 28 e 29 de junho.
Ao todo, 85 artistas locais participam da iniciativa, entre eles alunos e ex-alunos do Liceu de Artes e Ofícios Claudio Santoro, profissionais de escolas de arte e três artistas convidados. O objetivo é valorizar e incentivar a cultura visual produzida na região, além de oferecer oportunidade profissional aos artistas que atuam com arte urbana.
Do ateliê para os muros da cidade
Um dos destaques desta edição é o mural que vem sendo produzido pelo artista e instrutor do Liceu, Josinaldo Mattos, com uma equipe formada por quatro alunos e um ex-aluno. A obra, localizada na rua Coronel José Augusto, no Centro Histórico de Parintins — uma das áreas mais movimentadas durante o festival — deve ser finalizada nas próximas semanas, mas já chama a atenção de quem passa pelo local.
Com o tema “Compartilhar”, o mural utiliza técnicas mistas, como pintura, grafite e relevo em cimento. “Aproveito o projeto para inserir meus alunos no mercado de trabalho. Ensino técnicas e os preparo para liderar seus próprios projetos no futuro”, explicou Josinaldo.
A obra ocupa nove trechos de muros particulares e começa onde antes se localizava a casa de Maria Ângela, madrinha do Boi Garantido e mãe do saudoso músico Paulinho Faria, figuras históricas da cultura parintinense.
A origem do boi na visão de um pajé
Outro ponto alto da galeria a céu aberto é a obra do artista Raiz, convidado de Manaus, que assina o mural da Casa do Estudante da Universidade do Estado do Amazonas (UEA). Fugindo das tradicionais cores azul e vermelha, o artista optou por retratar a origem do boi-bumbá, por meio da história de Mãe Catirina e Pai Francisco.
“Construi a narrativa a partir da ótica do pajé, que utiliza a ayahuasca para invocar o espírito do boi morto. O ritual traz o animal de volta à vida e Francisco é perdoado. É a minha forma de homenagear esse festival ancestral”, contou Raiz.
O artista celebrou o intercâmbio cultural proporcionado pelo projeto: “Parintins é um celeiro de artistas. Fui muito bem acolhido e a troca de experiências com os profissionais e com a comunidade foi enriquecedora”, afirmou.
Sobre o projeto
Criado há quatro anos, o Parintins Galeria Cidade Aberta surgiu com a proposta de dar visibilidade a artistas locais e democratizar o acesso à arte urbana. Os participantes recebem cachês compatíveis com o mercado nacional, valorizando o trabalho e elevando o nível técnico das obras apresentadas.
Confira a lista completa das obras de 2025:
- Raiz e equipe – Casa do Estudante da UEA, rua Getúlio Vargas, 1750, Centro (finalizada)
- Lobão e equipe – Av. Lindolfo Monteverde, 3645, bairro São José (em andamento)
- Lobão e equipe – Rua Gomes de Castro, 706, Centro (finalizada)
- Levi Gama e Estúdio Buriti – Rua Edilso Seixas, 2933, bairro União (finalizada)
- Suame Alfaia, Natália Andrade e equipe – Hospital Padre Colombo, bairro José Esteves (finalizada)
- Dennis Amoedo e equipe – Escola Beatriz Maranhão, Praça da Liberdade, bairro Raimundo Muniz (finalizada)
- MAG e equipe – Residência do Bispo de Parintins (finalizada)
- Hulk e equipe – Rua Paraíba com Gomes de Castro, 14, bairro Palmares (finalizada)
- João Ferreira e Inácio Paiva – Rádio Clube de Parintins, bairro Djard Vieira (finalizada)
- Andrew Viana e equipe – Estádio Tupy Catanhede, Centro (finalizada)
- Evanil Maciel – Muro da Sefaz, Centro Histórico (finalizada)
- Pito Silva e equipe – Bumbódromo (acesso Caprichoso e camarote Tapiri) (finalizada)
- Pito Silva e equipe – Bumbódromo (acesso Garantido e camarote Tapiri) (finalizada)
- Pito Silva e equipe – Bumbódromo (cisterna) (previsão: 1º de junho)
- Dermison Salgado e equipe – Escola Estadual Araújo Filho, Centro (previsão: 2 de junho)
- Glaucivan Silva e equipe – Colégio Nossa Senhora do Carmo, Centro Histórico (previsão: 5 de junho)
- Curumiz – Colégio Batista de Parintins, Centro Histórico (previsão: 7 de junho)
- Josinaldo Mattos e equipe – Rua Cel. José Augusto, Centro Histórico (previsão: 7 de junho)
- MAG e equipe – Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM), bairro São Vicente de Paulo (previsão: 10 de junho)
Com a cidade já se preparando visualmente para o Festival, Parintins se reafirma como um polo efervescente da cultura amazônica, onde a arte pulsa nas ruas e nos muros, encantando moradores e turistas.