O Cineclube de Arte promove, nesta quinta-feira (13/02), a mostra especial “Uma retrospectiva de Jimmy Christian”, no Teatro Gebes Medeiros (Avenida Eduardo Ribeiro, 937, Centro), a partir das 18h30. O evento exibirá uma seleção de trabalhos do sociólogo, diretor e cineasta Jimmy Christian, reconhecido por sua produção artística que valoriza a criatividade e o talento local.

A programação inclui três filmes do diretor: os longas “Zico, o Jabuti” (2020) e “Desentupidor” (2022), além do documentário “Opala – Conexão Amazônia” (2019). O Cineclube de Arte é uma iniciativa do Governo do Amazonas, realizada por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, e tem como objetivo fortalecer e divulgar a produção audiovisual local.

Cinema independente e crítica social

O Cineclube de Arte se consolida como um espaço essencial para a exibição de produções independentes. Para Jimmy Christian, essa visibilidade é crucial para cineastas que encontram dificuldades para levar suas obras ao circuito comercial. “A mostra organizada pelo curador e artista plástico Sérgio Cardoso é uma iniciativa formidável. Muitos filmes acabam engavetados por falta de espaço de exibição, e essa janela nos dá uma chance de sermos vistos”, ressalta o diretor.

Com um estilo marcante e provocativo, Jimmy Christian traz em seus filmes temáticas sociais como alcoolismo, pobreza, violência, saneamento básico e maus-tratos a animais. Seu objetivo, segundo ele, é gerar reflexão. “Meus filmes podem parecer estranhos e até mesmo desconfortáveis, mas são uma forma de fazer o público pensar”, destaca.

Os filmes em exibição

• “Zico, o Jabuti” (2020) – O longa aborda a realidade das periferias de Manaus, explorando temas como fome, vícios e maus-tratos a animais, com um toque de humor negro característico do diretor. Um dos desafios das filmagens foi trabalhar com um animal em cena, exigindo a presença de um biólogo no set para garantir seu bem-estar.
• “Desentupidor” (2022) – A trama acompanha um desentupidor de fossas dos anos 1980 que vive em um bueiro ao lado de seu rato de estimação. O filme aprofunda questões como depressão, alcoolismo e saneamento básico. Segundo o diretor, a cena mais desafiadora envolveu um ator entrando em uma fossa real, exigindo um trabalho minucioso da equipe de maquiagem.
• “Opala – Conexão Amazônia” (2019) – Diferente dos anteriores, este documentário acompanha dois rockeiros em uma viagem de Brasília a Manaus transportando um Opala. O longa funciona como um road movie, retratando os desafios das estradas brasileiras. “Foi uma experiência intensa, lidando com sol, chuva, carretas e problemas mecânicos”, relembra o cineasta.

Novos projetos e cinema acessível

Além da retrospectiva, Jimmy Christian apresentará o teaser de seu novo longa-metragem, “Mawé”, um projeto que está em desenvolvimento há 11 anos e foi contemplado pelos editais da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB) e da Lei Paulo Gustavo. “Esse é meu projeto mais ambicioso, algo totalmente novo para o cinema amazonense. Estou ansioso para a avant-première no Teatro Amazonas”, adianta.

Mesmo com a evolução para câmeras profissionais, Jimmy Christian continua valorizando o cinema feito com celulares. Seu filme “Zico, o Jabuti” foi gravado inteiramente em um iPhone 7.

Para os jovens cineastas do Amazonas, ele deixa um recado: “Nunca deixem de sonhar e acreditem no cinema. Tudo é possível!”.

A mostra do Cineclube de Arte promete uma experiência cinematográfica intensa, marcada por criatividade, crítica social e valorização da produção independente.